
Decidiu esquecer.
Decidiu ignorar.
Decidiu só... adormecer.
Os sonhos assaltaram-lhe a noite.
Seria o luar?
Cerrou os punhos... não, seria mais forte, seria firme como uma rocha. Adormeceria simplesmente e, quando despertasse…
Fechou os olhos.
Os dias do paraíso, do jardim do éden e de todas as almas que já guardara desfilaram-lhe diante dos olhos - muitas, centenas, incontáveis. Porque na verdade, sempre fora essa a razão última da sua existência, da sua missão.
Missão? Sim… missão, sem hora certa de inicio ou de fim, sem tempo para cumprir, sem limite; o fim estaria sempre nas suas mãos, bastava desejá-lo, sabia bem. Tal como sabia que a decisão, quando a tomasse… seria irreversível.
Tentou esquecer.
Tentou ignorar.
O sono não veio, as penas brancas das costas agitaram-se ao de leve e ela ergueu-se.
Chegara o momento.
Vagarosamente, soltou os laços de seda que seguravam as asas de penas, sabendo de antemão que, no preciso momento em que as soltasse dos dedos, elas desapareceriam e ela, até aí mais uma das inumeráveis anjos da guarda, passaria a ser simplesmente… uma vulgar alma humana, mortal, dolorida e só conseguindo voar nos olhos dos pássaros ou nos sonhos da noite. Sabia disso.
Mas a decisão estava tomada.
Tantas vozes guiara, tantas almas aconselhara que agora sentia - como nunca sentira até aí - que chegara a sua hora.
As vestes brancas caíram silenciosamente no chão e ela ficou nua na noite, desprotegida e só. Um último fulgor de luz rodeou-a para logo desaparecer de seguida.
Levou as mãos aos ombros, já sabendo que nada mais iria encontrar, para além da pele fina, muito branca.
Sorriu.
Uma estrela cadente rasgou os céus da noite e por um estranho pressentimento, ela sentiu que algures, numa parte incerta, alguém estaria nesse mesmo momento a decidir qual seria a alma - vestida de branco e de asas de penas - destinada a guardá-la até ao final dos seus dias, agora… tão simplesmente … humana.
De
ellen a 29 de Novembro de 2009 às 13:44
Um belo conto de Domingo!
Obrigada pela sua visita.
Beijinho
Oi, Ellen
Eu que agradeço teres vindo pousar aqui na praia.
Olha, os bolinhos estão ali ao fundo, serve-te.
Um óptimo domingo para ti.
Beijos
Rolando
Rolando querido!
Que conto lindo, me arrepiei até a Alma!
As nossas escolhas sempre norteando nossos passos, difíceis, com certeza, mas como eu acredito muito que sempre dias melhores nos aguardam... esta escolha aqui não será diferente!
A coragem que ela precisou para romper as amarras do tempo e dos sentimentos, certamente, será a mesma que lhe impulsionará para viver daqui pra frente!
Por certo, sempre haverá de existir uma alma vestida de branco e de asas de pena a nos proteger!
Amei o texto, a foto, a mensagem!
Que teu domingo mesmo com chuva ( te li lá no Blog Viciado...rsrsrs) seja tão brilhante como o sol!
Bjão
PS: quanto a "pirataria" lá no meu blog, autorizo sem pensar!!! Te mandei um e-mail em resposta ao teu, mas como acho que com aquele teu endereço eletrônico não chega no teu correio, escrevi o mesmo em resposta ao teu comentário lá no meu blog!
Wania...
As nossas escolhas... às vezes tão dificeis, não é?
Tudo pelo prazer supremo de sentir, de sermos humanos, de sermos felizes...
Objectivo último de toda esta pequena existência: ser feliz.
Tanto e tão pouco, não é?
Beijos
Rolando
Quantas evzes nos temos de despir para que o futuro aconteça?!
Beijos.
Paula...
Sim, quantas vezes?
Quantas vezes não temos que trocar o certo pelo incerto?
Trocar a quase perfeição pela realidade, pelo rumo incerto dos nossos próprios passos?
Também sabes o que é isso?
Beijos
Rolando
Mais um texto muito bom. A foto também está muito bem escolhida.
Bom resto de domingo
Então... como vai essa vidinha tranquila?
Aceitas um café, aqui à volta da fogueira?
Bom domingo para ti.
Rolando
Boas-vindas à nossa humanidade doida e doída mas muito boa!
Lindo texto!
Um bjo.
Oi, Talita
Que bom que tenhas vindo espreitar aqui o grupo da fogueira ( a nossa humanidade doida de que falas ).
Senta-te um pouco. Os amigosestão chegando. Aceitas um bolinho enquanto esperas?
Beijos
Rolando
De
Rosinda a 29 de Novembro de 2009 às 20:33
OUVI O CREPITAR DA FOGUEIRA... O CHEIRO DO CAFÉ... VÁRIAS VEZES ESTIVE NESTE LUGAR...
MAS HOJE... APETECEU-ME TIRAR AS ASAS E DESCANSAR... FICANDO A MEDITAR... O QUE QUERO? PARA ONDE VOU? NEM SEI SE HEI-DE IR, OU FICAR...
BELA HISTÓRIA... HISTÓRIA?
FIQUE BEM...
Onix...
Algures nos céus, apagou-se uma estrela.
Ninguém reparou nela.
Algures, nasceu mais uma criança.
Uma mais, ninguém se preocupou em contar.
E o universo continuou tranquilo.
Um anjo soltou as suas asas, aceitando o desafio da mortalidade.
Que possa experimentar o sabor sublime da felicidade.
Tudo de bom para ti.
Rolando
Todos precisamos de vez em quando de deixar as asas, deixar a salvação do mundo para outros.... sentir que naquele momento há alguém que olha por nós, retirar o fardo das costas e poder simplesmente viver.
Boa semana
Jorge
Amigo Jorge...
De vez em quando, a quem não apetece fechar os olhos, descerrar os punhos e simplesmente... adormecer?
Um grande abraço.
Rolando
Olá Rolando
As escolhas nem sempre são fáceis, a missão que por vezes temos de cumprir nem sempre é a que gostaríamos, mas um dia paramos para pensar e aguardamos um "sinal" (lembras a tua história, A Decisão?) para termos coragem de arriscar.
Secretamente desejamos , que algures no céu haja alguém que olhe por nós e a nos prove que o caminho escolhido é o melhor.
Que o teu caminho esta semana seja iluminado pelos anjos.
Beijos
Manu
Manu, Manu...
As escolhas ( será assim também para os anjos ? ) fazem sofrer, não é?
Por cada missão, por cada sucesso, por cada fracasso, por cada "algo" que tenha ficado incompleto...
E então, apetece baixar os braços, pousar a cabeça e...
Beijos.
Rolando
De Sindarin a 29 de Novembro de 2009 às 23:51
Olá meu amigo. Atpe os anjos têm vontade um dias de o deixar de o ser para poderem sentir mais que algum dia. E os pobres seres humanos que sempre almejaram ter asas, quero pensar que se encontram com esses anjos naquele pequeno espaço de tempo em que uns abrem os olhos e os outros começam realmente a ver o k jamais tinham visto. Belíssimo. Um grande beijinho.
De Sindarin a 29 de Novembro de 2009 às 23:54
Peço por favor para ignorar o meu comentário de cima. Tanto erro k dei, até parece mal...desculpe.
Olá meu amigo. Ate os anjos têm vontade um dia, de o deixar de o ser para poderem sentir mais que algum sentimento que lhes foi dado. E os pobres seres humanos que sempre almejaram ter asas, quero pensar que se encontram com esses anjos naquele pequeno espaço de tempo em que uns abrem os olhos e os outros começam realmente a ver o k jamais tinham visto. Escolhas ou destinos? Belíssimo. Um grande beijinho
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