
- Gostaste?
Ela seguiu-lhe o olhar, fixando-o na pedra cinzenta.
- Gostei, sim... muito. Creio que o artista conseguiu captar... ternura, creio. Sim, creio que é mesmo isso. Emana carinho, ternura...
As pernas entrelaçadas, imóveis de granito, seguravam os dois corpos; ela aconchegada ao peito, a mão pousada sobre o coração, sentindo-lhe o palpitar das memórias e dos sonhos, ele soerguido e delicado, enroscado mansamente nas curvas dela, aspirando-lhe o aroma dos cabelos soltos.
Uma simples pedra, uma campa rasa – sem flores, ornamentos, longos epitáfios ou dedicatórias. Num dos cantos, simplesmente os nomes, gravados em bruto “Maria e João”.
Nem isso era importante. Poderiam ter sido Romeu e Julieta, Tristão e Isolda, foram simplesmente João e Maria, gente vulgar, vidas invulgares.
Conheceram-se, amaram-se, fundiram-se num só.
E tão súbito como o começo, a morte levou-os, num daqueles acidentes que nunca seriam cabeçalho de jornal ou noticia de televisão – um acidente simplesmente vulgar, mortal, simplesmente mais um acidente. Só isso.
- És incrivelmente bela...
Ela sorriu.
- Claro... aos teus olhos, eu sei...
As duas manchas luminosas, pairando sobre as figuras de pedra, voltearam levemente, misturando as formas, como se de uma única entidade se tratasse – uma forma etérea, sem corpo, simplesmente luz, já liberta da carne e do pó.
Invisíveis ao olhar.
- Vamos? Ou preferes ficar ainda mais um pouco? – quis saber ele.
- Não... vamos embora. Queria simplesmente ver como olhavam para nós, enquanto aqui estivemos.... e gostei que nos tenham esculpido assim...
Deu-lhe a mão. Um simples movimento de luz, tocando-se.
Simplesmente luz.
E lentamente, num abraço invisível ao olhar, subiram de encontro à imensidão azul, juntando-se a todas as outras estrelas brilhantes da noite.
De
libel a 27 de Novembro de 2009 às 16:44
Juntos na terra, juntos no céu...e assim até à eternidade...Lindo.
Saber amar é um previlégio que nem todos conseguem e ser amado é uma benção!!..
Beijinhos e bom fim de semana Rolando.
Olá Libel...
Tocou-me o que disseste: " Amar é um previlégio, ser amado é uma benção."
O melhor fim de semana para ti, Libel
Beijos
Rolando
De
Rosinda a 27 de Novembro de 2009 às 18:21
GOSTEI... EU FALO SEMPRE COM UMA ESTRELA... A QUEM CHAMO AVÓ, DESABAFO COM ELA... E UM DIA HEI-DE BRILHAR COMO ELA ...
TANTAS FORMAS TEM O AMOR...!
FIQUE BEM...
Oi, Onix
Sim, tantas formas tem o amor.
Tantas formas de comunicar, de expressar emoções.
Tantas formas de amor, não somente dos amantes.
Para todas elas, que o amor seja eterno, não é?
Um óptimo domingo para ti.
Rolando
De
diana a 27 de Novembro de 2009 às 23:21
Há amores que são mesmo eternos.
Ah, Diana...
"Pequeno Príncipe,
Porque tens medo
que eu te toque?"
O teu post seduziu-me por esta pequena palavra: o toque.
O amor talvez seja isso mesmo: O tocar o canto mais longinquo da alma.
Beijos.
Rolando
Querido encantador Rolando,
Um amor que seja eterno...não só o” enquanto dure”...mas, realmente, eterno.
Será que existe? Eu quero acreditar...consigo acreditar e espero não estar sonhando..
O que achas?
Hoje estou no aconchego do colo da mami, estou passeando pelas Minas...e quer saber...é delicioso. Este sim é um amor eterno. Amor de mãe.
Mil beijos(oz),
Regina d’Ávila.
Querida Regina.
Sei. Ou melhor... SEI.
Tudo começa no acreditar para poder acontecer.
Mas também acredito nesse amor que descreves, o colo da mãe, o aconhego das noites escuras e o acalmar das tristezas numa simples festa, num passar da mão pelos cabelos.
Também acredito que esse seja um amor eterno.
Dois mil beijos(oz)
Rolando
"Conheceram-se, amaram-se, fundiram-se num só."
Belo texto e bela imagem...
Beijos
Olá Graça
Obrigado pela visita... e tens razão, tudo se podia resumir assim numa frase pequena, não é?
"Conheceram-se, amaram-se, fundiram-se num só."
Um óptimo domingo para ti.
Rolando
Temos os poetas...
Temos os sonhadores...
E temos o Rolando... que nos conta histórias.
Contigo até o amor e a morte podem andar de mãos dadas e voar felizes pela eternidade.
Bom fim-de-semana

Flordeliz...
Façamos assim... se eu acreditar, se eu puder passar a mensagem, se tu acreditares, se tu passares a mensagem.... se ele acreditar...
Já vale a pena, não achas?
Beijos.
Rolando
De Óscarito a 28 de Novembro de 2009 às 17:27
É engraçado o que escreves porque eu sempre que vejo uma escultura representando seres humanos fico imaginando o que seria se subitamente ganhassem vida e saíssem correndo para o mundo. Um mundo só deles.
Pancadas, o que se há-de fazer!
Abraço/Óscar
Amigo Óscar...
Tu és um preguiçoso assumido, está mesmo a ver-se.
Então dás só a ideia?
Julguei que ias tu escrever a história das estátuas que tinham ganho vida...
:)
Um grande abraço
Rolando
Rolando, linda a tua história de amor!
Eu acredito que um amor verdadeiramente vivido na sua plenitude, se perpetua...
no Bronze,
no Coração,
na Luz
e na Eternidade!!!
É sempre bom vir aqui!
Saio leve...
Bjj carinhoso pra ti,
Wania
Oi, Wania...
Gosto muito de te receber ( eu e todos, aqui à volta da fogueira ) porque trazes sempre uma brisa suave a esta praia.
Sei que acreditas no amor... e que praticas muitos tipos de amor, bem diferentes, no teu dia-a-dia.
E desejo que nos contagies a todos com essa tua capacidade tão desprendida de amar.
Beijos.
Rolando
De
hasaliah a 28 de Novembro de 2009 às 23:25
Gostei,
As suas "curtas", são lindas....
não é fácil, contar uma história com principio, meio e fim, e ainda cheia de emção, semsibilidade e moral....
poesia, muita poesia,
BFS
Oi, Hasaliah...
Fico feliz que gostes de te sentar aqui à volta da fogueira e das histórias.
Este domingo está bem frio... aceitas um café quentinho enquanto lês?
Beijos
Rolando
De
Luísa a 29 de Novembro de 2009 às 08:16
O amor inspira...
Bela história de inspirar quem não conhece este amor duradoiro.Inspira a dar a mão de forma segura e a saborear o quanto é bom sentir o toque dessa mão:
Beijinho terno
Ah, Luisa...
Se o amor inspira?
Inspira sim... e todos os tipos de amor.
O toque... a sensação do toque, a emoção do toque, o imaginado, o que não é dito mas simplesmente subentendido...
Beijos.
Rolando
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