Pela varanda, podia ver o mar.
O mar... tantas e tantas vezes fonte de inspiração, de alento, refúgio seguro de uma praia deserta.
O silêncio reinava ainda, mal interrompido pela algazarra matinal dos pássaros. Olhou sobre o ombro, a porta do quarto entreaberta. Ela dormia.
Uma longa madeixa de cabelos ocultava-lhe os olhos, os braços e o corpo abandonados sobre os lençóis numa posição de entrega, voluptuosa, sedutora.
Ele, por tantas vezes poeta, não conseguia dar à luz naquele momento uma única estrofe, um único verso.
Sentia-se feliz, e não conseguia colocar sobre o papel essa mesma felicidade.
- Porque não voltas para aqui?
Olhou de novo. Ela fitava-o, meia sorriso, meia súplica.
- Julgava que ainda dormias... estava aqui a tentar escrever algo...
Ela remexeu-se sob os lençóis.
- Eu vi, quando me olhaste...
Pousou a folha de papel sobre o grande cadeirão, virado de frente para o mar.
- Ias oferecer-me um poema... pela manhã?
Ele aquiesceu, algo inconformado.
- Nem sempre a inspiração surge... quando queremos dizer algo... e hoje queria mesmo dizer-te algo...
- Algo importante?
Ele concordou de novo.
- Ia fazer-te uma pergunta... uma daquelas perguntas dificeis, com consequências para o futuro... um pedido...
Ela entreabriu os lençóis e a pele branca assomou à superfície.
- Vem... - disse finalmente - vem, e se quiseres, faz a pergunta, faz o pedido... mas se quiseres... até posso responder-te já...
- Podes? Se ainda nem imaginas o que te quero pedir...
Ela afastou os cabelos dos olhos e um sorriso de garota rebelde iluminou-lhe os olhos escuros.
- Sei sim, amor... sei sim. E a a resposta é... sim. Eu caso contigo, eu fico contigo, eu vou contigo até ao fim do mundo...
Amigos, amigos,
Perdoem a ausência, virei brevemente responder a todos os comentários. Já enchi de novo o termo de café fresquinho, acabado de fazer. Volto amanhã, está bem?
Um enorme abraço para todos.
Rolando
Eu também responderia: sim.
Beijos.
Oi, Paula
E haverá coisa melhor que a cumplicidade que dispensa palavras, que dispensa perguntas?
Beijos
Rolando
De
Lis a 25 de Novembro de 2009 às 13:52
Ah, o amor. Quando chega fica assim, o coração mais sensível a qualquer hora que chamares, a resposta é sim. Sim para o amor, para a ternura que envolve as manhãs acompanhadas .Só o fato de esar apixonado é fonte de inspirçao.
Tambem quero e preciso urgente me apaixonar. Estou escrevendo mal, as palavras demoram chegar rsrsrsrsrs
deixo abraços
Lis...
É urgente o amor, como dizia o poeta, como dizia a canção. Porque as manhãs têm outro sabor, porque o sol fica mais quente, os pássaros chilreiam mais... e acima de tudo, porque o olhar sorri.
Beijos, Lis.
Rolando
Esta coisa de se responder sem saber a resposta, pode dar maus resultados...
Abraço,
Oi, Iris...
Pois... mas é verdade, quantas perguntas não se fazem também só com o olhar, sem necessitarem de uma única palavra?
E as respostas... como definir o sabor de adivinhar as respostas? Mel?
Beijos
Rolando
Oi,
É tudo muito romântico, mas dá lugar a tantos mal entendidos...
Mas apesar de dizer isso, também adoro adivinhar perguntas e responder sem ter que falar.
Também eu sou uma romântica incurável. Somente, nem todos entendem o meu conceito de romantismo.
Beijo
De
Sara a 25 de Novembro de 2009 às 16:12
Eu dou o "sim" ao cafézinho fresquinho e quentinho! Posso até levar umas bolachinhas e bolo :)
Agora casar... isso sao outras núpcias ;)
Beijinhos
Oi, Sara...
O fim do mundo... é onde cada um quiser. E quando o sol entra pelas vidraças da janela... o fim do mundo pode estar mesmo do outro lado da porta entreaberta...
Beijos
Rolando
( O café estava bom ? )
De
Marina. a 25 de Novembro de 2009 às 16:14
às vezes só isso é necessário: alguém para te acompanhar. e amar.
bjo, bjo, bjo...
Oi, Marina...
Tocaste a palavra mágica, não foi?
Acompanhar, partilhar.
Como explicar que dois pares de olhos vêm sempre o mundo com cores mais brilhantes do que estando sozinhos?
Beijos
Rolando
Olá Rolando
Quando duas pessoas estão em sintonia quase não são precisas palavras, não é?
Beijos
Manu
Ps. Esperamos sempre por ti, com ou sem cafezinho
Ah, Manu...
Como soam diferentes as sonatas ao piano, tocadas a quatro mãos.
Mesmo para quem nunca tenha sabido tocar piano...
Muitos beijos, Manu
Rolando
( Amanhã... não servirei café. Estou pensando antes numa caipirinha )
:)
De Óscarito a 25 de Novembro de 2009 às 18:28
Há ocasiões e situações onde perguntar não é preciso.
Basta um olhar...
Abraço/Óscar.
Meu caro Óscar...
Verdade, super verdade.
Um olhar, um silêncio cúmplice.
Um sorriso.
Para quê mais?
Um grande abraço
Rolando
Que liiindo Rolando!!!
Tem coisa mais gostosa do que acordar ao lado de quem se ama?
Até ao mais tarimbado poeta faltam palavras nesta hora... aqui a linguagem do corpo transcende!!!!!!!
Beijos
Oi, Wania...
Sabes? Tentei descrever aquele instante de magia ( nunca o conseguirei, eu sei ) em que o corpo se confunde com o espirito, quando as palavras são desnecessárias... e o mundo inteiro se resume a uma janela aberta, raiada de sol.
Sei que compreendeste ... é isso... a tal linguagem muda...
Muitos beijos
Rolando
De
libel a 25 de Novembro de 2009 às 21:33
Ahahhaaha...eu acho que ia querer ouvir o pedido, afinal não é todos os dias que nos pedem em casamento e as palavrinhas mágicas ali eram a estrofe ideal para o verso ficar completo...mas pronto, diria que, ali naquele retrato, conforme o descreveste... dispensava os versos e seguia a intuição com todo o fervor que o momento oferecia.
E mais não digo, senão....ainda fico com vontade de te fazer um pedido...ahhaahaahah...assustado??..
Avanças na intuição ou retrocedes e aguardas ansioso?
A resposta está no meu blog...a "Simplicidade" espera por ti!!........Beijokas
Libel... és terrível, sabias?
Mas pronto... vai já de seguida para o teu mail...
E aguardo a resposta, claro...
Beijos.
Rolando
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