
Era uma vez uma menina, um leão, um homem de lata e um espantalho.
Não, claro que não se trata do feiticeiro de Oz, não fiquem já a pensar nessa história.
Estas quatro personagens eram simplesmente pequenas estatuetas, delicadamente esculpidas em porcelana, sobre uma base amarela.
O pequeno conjunto, coloridos e pousado sobre o tampo da velha escrivaninha de madeira... possuia ainda um putro predicado, um pormenor que o tornava deveras único.
Ao tocar-se qualquer uma das quatro figurinhas, a caixinha de musica escondida no seu interior entrava em funcionamento e de imediato se ouviam os acordes das musicas tão bem conhecidas... do feiticiero de Oz.
Naquele dia, Dorothy, a vulgar telefonista de uma bem conhecida empresa de telecomunicações móveis, não tinha motivo algum para sorrir, tão pouco para se apressar. Com um gesto cansado, atirou o casaco beje para cima da cadeira e deixou-se cair sobre o sofá.
Acabara de ser despedida.
Durante muito tempo, ali permaneceu. Imóvel, em silêncio, vendo desfilar impotente diante dos olhos as imagens dos ultimos quinze anos da sua vida, dedicados a uma profissão, a um emprego que considerara eterno, seguro. Não constituira familia, a sua familia fora construida sobre as amizades do local de trabalho, partilhando o dia-a-dia, aventuras e desventuras, com todos os que partilhavam aquele espaço.
E agora.... assim de repente, fora jogada fora, como um sapato velho, imprestável.
A pequena estatueta, bem à sua frente, pousada sobre a escrivaninha de madeira, parecia querer dizer-lhe algo.
Tocou-lhe ao de leve, os dedos roçando a figurinha frágil de Dorothy, a personagem com o nome igual ao seu, na vida real.
De imediato, os acordes familiares de “ Somewher over the rainbow” fizeram-se ouvir, numa versão já riscada de tanto tocar, acusando o passar dos anos.
Ficou a ouvi-la em silêncio.
“Em algum lugar além do arco-íris
Acima das montanhas
existe uma terra de que eu ouvi falar
Uma vez numa canção de embalar
Em algum lugar além do arco-íris
Onde o céu é azul
E os sonhos que você ousa sonhar
Realmente tornam-se realidade.
Um dia eu quis alcançar uma estrela
E acordei num lugar bem longe das nuvens
Onde os problemas se derretem como doces de limão
Num lugar bem acima do topo das chaminés
É onde me poderão encontrar.
Em algum lugar além do arco-íris
Pássaros azuis voam
Pássaros voam além do arco-íris
Porquê eles ... e eu não posso?
Então se os pequenos pássaros azuis voam
Além do arco-íris
Poque... porque eu não posso?”
Podia. Podia sim.
A vida não terminava ali. A vida não terminava nunca.
Lembrava-se do pai, o eterno companheiro de brincadeiras, a dizer-lhe: “ Nunca, Dorothy. O impossível não existe. Tu és capaz de tudo.”
Lembrava-se sim.
Tal como se lembrava do dia do seu décimo terceiro aniversário – o último que partilhara com o pai – quando ele lhe oferecera aquela caixinha de música, bem escondida na estatueta das personagens do feiticeiro de Oz.
Levantou-se e pegou no casaco.
Apetecia-lhe um café.
A vida continuava. E lá fora, algures à sombra de um arco-iris, um outro emprego, uma outra esperança, uma outra vida esperava também por ela.
Não a podia fazer esperar.
Adorei.
Sim, a vida continua Sempre.
Ontem fiz 34, e meu Pai só os viveu até aos meus 31.
Ontem meu companheiro meu deu algo que fez recordar de imediato meu Pai, por ter algo dele que guardo com muito carinho. A ideia dele foi usar o que ele me deu e lembrar sempre do que meu Pai me deu.
Maior prova de Carinho e Amor?
Demais.
Estou Feliz
Obrigada
Beijos
Oi, Beija-flor.
É verdade, a vida continua. Às vezes com um apoio, com um empurrão, com um memória para ajudar.
Outras vezes, nem isso.
mas tudo continua.
Beijos
Rolando
Olá Rolando
Sabes que adoro a canção " Somewhere over the Rainbow"...quase sei a letra de cor?! É daquelas canções que tem uma magia especial...uma espécie de força que, tal como a Dorothy, me leva a acreditar que a vida continua, basta nunca perder a capacidade de sonhar...
Quando acontecerem momentos menos bons, que tenhamos a força para voar para aquele lugar onde tudo se pode tornar realidade, basta QUERER.
...e enquanto voava, pousei durante alguns momentos para me deliciar a ler esta linda história.
Muito obrigada
Beijos
Manu
Manu...
Esta "ideia" de perseguir um arco-iris é-me muito querida, muito simbolica. A vida é algo assim, a tal caminhada, a tal procura, mesmo quando os tropeções e as tristezas acontecem...
Beijos.
Rolando
De MARIA a 28 de Outubro de 2009 às 15:17
BOA TARDE ROLANDO
...
MAIS UMA DELICIOSA HISTÓRIA...
SEM PALAVRAS
:)) DOCE ABRAÇO
Maria...
Esse arco-iris é deveras inspirador...
Tudo de bom para ti.
Rolando
Apreciei a história, pois está contada de uma forma simples mas cativante.
E, porque um arco-íris está sempre à nossa espera para nos dar alento, não o podemos desiludir com a nossa fraqueza.
Também por isso, o grifo pana, plana...
Um abraço, Rolando.
Ah, João...
O desalento é proibido. Vamos simplesmente retirá-lo do dicionário.
E o gripo plana, plana...
Um grande abraço.
Rolando
Li e até me esqueci de comentar pois como adoro esta música logo a deixei invadir o "meu espaço".
http://www.youtube.com/watch?v=0ltAGuuru7Q
E já agora deixo a versão que mais gosto de escutar.
Adoro a doçura da voz de Israel.
Beijinho
No meu comentário, um pouco acima, onde saiu >pana< , leia-se por favor "plana".
JM.
De
Sara a 28 de Outubro de 2009 às 16:55
Somewhere over the rainbow way up high And the dreams that you dream of once in a lullaby Somewhere over the rainbow bluebirds fly And the dreams that you dream of, dreams really do come true !!!
Obrigado amigo Rolando, este post simplesmente preencheu o meu fim de dia... por gostar tanto desta música e das recordacoes que o filme me trás. Por isso deixo-te aqui a versao que me mexe com a alma
http://www.youtube.com/watch?v=SouvCUZv330
Beijinhos, Sara
De Óscarito a 28 de Outubro de 2009 às 19:03
Apesar do nosso (muito português) desânimo às vezes basta uma pequeno gesto, uma palavra, para nos "arrebitar"!
Neste caso, uma canção.
Abraço!
Óscar.... grande verdade.
Nós e o nosso "fado"...
Urge alegria nas canções, não é?
Um abraço.
Rolando
Quantas terras já ouvi falar
Que ficam além do arco-íris....
Ah....Muitas...
Terras que guardam amor,
Paz, harmonia, serenidade...
Onde mar e o céu se misturam em azul
Em uma vida colorida pela arco-íris.
Que, mesmo sem asas, podemos voar.
Basta sonhar..e voamos alto...livres.
Linda história Rolando,
Super beijos(oz)
Regina d’Ávila.
Basta sonhar...e voamos alto.
Como tens razão, Regina, como tens razão...
DEUS QUER
O HOMEM SONHA
A OBRA NASCE
O poeta disse isto e pegando na ideia... o arco-iris existe para todos aqueles que quiserem acreditar nele. A paz, o amor, a harmonia, as cores do céu... tudo começa por um desejo, tudo começa por uma intenção... de ser mais, de voar mais alto...
Muitos beij(oz)
Rolando
De miss yang a 16 de Novembro de 2009 às 04:30
amo essa música. se um dia gravasse a trilha sonora de minha vida, esta musica seria colocada no lado A, na cena formatura.
no inicio do ano comprei num recycle shop uma caixa de musica muito graciosa só por conta dessa musica.
meu desapontamento foi ao dar a corda e descobrir que a mesma toca apenas alguns segundos, por algum defeito interno.
e eu ainda estou a procura de uma caixinha que toque essa musica, do inicio ao fim.
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