
- Dás-me a tua mão?
Um pedido simples. Dito de forma simples, quase num murmúrio.
Ela estremeceu, como se o frio da noite tivesse descoberto subitamente um atalho para a alma.
Dar-lhe a mão?
Assim... tão de repente?
Caminhavam pela praia, já bem distantes do barzinho iluminado e dos sons do piano. A lua, semi encoberta por nuvens passageiras, iluminava-lhes os passos, deambulantes, ora tocando a espuma das ondas, ora afastando-se para o areal.
O silêncio, aqui e ali interrompido pelos gritos das aves nocturnas, era leve e molhado, saboroso. Ela sentiu que ele não esperava palavras, que lhe apreciava os silêncios, porque tudo fazia parte daquele quadro que nem ela ainda compreendia bem, porque tudo era confuso, dificil... e ao mesmo tempo delicioso.
Para onde caminhavam?
Em que mar findaria aquele rio de paixão em que ambos haviam mergulhado, pensando simplesmente... estar a salpicar o rosto de água fresca?
Não fora só o rosto.
A água do rio lavara-lhes o olhar de tristezas passadas, tratara-lhes as cicatrizes antigas de outras vidas, despertara em ambos sensações há muito esquecidas, amordaçadas no baú dos tempos antigos.
E agora... ali estavam eles, incrédulos e indecisos, rasgando medos, caminhando sózinhos na escuridão da noite como se tudo fosse a primeira vez – eles, ambos já vividos, repetidos, usados e abusados... como pessoas em segunda mão, procurando ainda um lugar ao sol.
Lá longe, a vida continuava. A dos outros e a deles próprios.
Ambos sabiam disso.
Tal como sabiam que os sonhos só tinham razão de existir.... para ser vividos.
E a medo... haviam chegado aquele ponto, o ponto onde ambos percebiam que iriam nadar juntos até à foz do rio.... fosse ela qual fosse.
- Dás-me a tua mão? – voltou ele a perguntar.
Dar-lhe a mão?
Sorriu.
- A mão...está bem... dou-te a mão. Também me queres o coração?
De
libel a 6 de Outubro de 2009 às 16:25
Eu até daria a minha mão Rolando, mas o problema é que não encontro a outra que encaixe na minha. Será que vai demorar muito??..Eu sei que nunca é tarde para recomeçar, mas....já estou ficando com os cabelinhos brancos....OK!!..Pensamento positivo, o sol quando nasce é para todos...hoje está de chuva, mas amanhã...amanhã...promete!!....lol...
"Recomeçar significa voltar a AMAR!
Todo recomeço merece sonhos…
Pois sem eles a vida não tem brilho!"
Beijinhos
Oh, Libel...
Então não é verdade que a gente só encontra... quando deixa de procurar? Quando simplesmente colocamos a tal mensagem dentro da garrafa a dizer " Hey, estou aqui" e a atiramos ao mar?
Já atiraste a tua garrafa ao mar? Já?
Beijos.
Rolando
( Prometo que amanhã virá o sol. )
De
libel a 6 de Outubro de 2009 às 17:06
ahahahhahh....se já atirei a minha garrafa ao mar??..Rolando, eu fiz do mar uma adega..ahahahah...as garrafas já eram tantas que tive que começar a rotular, não fosse criar alguns enganos a jovens pescadores....ehehheh....
Beijokas amigo
P.s. Cada vez estou mais exigente com os vinhos...
Essa mão que me segura e me ampara fazendo-me lutar para me manter a flutuar mesmo quando a força se esvai e a vontade me abondona.
Sim dou-te a minha mão e também o meu coração, porque os dois precisam do teu calor, do teu sorriso e do teu olhar que brilha na noite escura e me ilumina o caminho.
Beijo amigo
Olá, Flordeliz
É isso que todos precisamos...
dar a mão e o coração, fazer com que os passos tenham sentido, rumo.
Beijos.
Rolando
De
Sara a 6 de Outubro de 2009 às 18:03
e sabe tão bem andar de mãos dadas ;)
Oi, Sara...
E não é que tens mesmo razão?
Sabe mesmo bem...
Beijos.
Rolando
De
luna a 6 de Outubro de 2009 às 18:54
Quantas vezes perdemos oportunidades por medo
beijo
Olá, Luna...
É verdade, o medo rouba-nos por vezes preciosos momentos. E atrás do medo, virão outros medos, e tudo se transforma numa bola de neve...
Já te serviste de um café?
Está ali ao fundo, apesar de me ter esquecido de perguntar quem trouxe hoje os bolos...
Beijos
Rolando
Que doçura Rolando!
Gostei muito...beijos.
Oi, Paula...
Fico feliz que tenhas gostado. E diz-me... posso divulgar aqui o teu livro, posso?
Beijos.
Rolando
De
Luísa a 6 de Outubro de 2009 às 22:17
Dar a mão...tão belo gesto!
Entrelaçam-se os dedos, segura-se o afecto, o carinho, até mesmo o amor! Dar a mão é entregar o que de melhor há em nós para o outro.
Bela história...ternureeeeeeeeeenta!
Beijinho terno
Oi, Luisa...
Dar a mão... é o melhor sinónimo para a palavra PARTILHAR que já descobri.
E quantas sensações diferentes, quantos pensamentos e emoções podem passar assim, de uma alma para outra?
Quantos?
Beijos
Rolando
De
lis a 6 de Outubro de 2009 às 23:01
"O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas."
Andar de maos dadas é bem mais tranquilo, e a estrada fica mais florida.Lindo texto,Rolando. l
Olá, Lis...
Tens razão, e muita.
Todos os caminhos são mais fáceis, feitos a dois.
Beijos.
Rolando
Um sonho de amor...paixão..confiança...partilha..
E muita esperança...que se renova..hoje e sempre...
Lindo...
Mil beijos
Regina d’Ávila
Oi, Regina...
Amor, paixão, confiança, partilha...
Sim, creio... creio que é isso mesmo.
Dar as mãos.
E ir em frente.
Muitos beijos
Rolando
De
hasaliah a 7 de Outubro de 2009 às 00:25
Um gesto, carregado de mil promessas,,,,,,,,,
Uma vida, vivida em sonhos passados de outras vidas....
Um gesto que despertou do sonho duas almas que querem continuar a sonhar...........
Os sonhos são afinal,,para serem vividos!!!
Oi, Hasaliah
Os sonhos são para ser vividos? Sempre.
Temos que os perseguir... para não chegar ao final do caminho com a sensação de que tudo poderia ter sido diferente...
Beijos.
Rolando
De
hasaliah a 7 de Outubro de 2009 às 21:03
afinal a felicidade resulta da equação,,, entre os nossos sonhos e a sua realização.....
esperamos sempre que uma boa parte se realize, apesar de alguns poderem ser inatingiveis ...
............
Ah Rolando
Acho que as mãos são a extensão do coração quando o amor não cabe todo dentro dele.
Entrelaçam-se para que nunca se disperse e circule indefinidamente entre duas pesoas que se amam.
Beijos
Manu
Manu...
Simplesmente... obrigado.
Tu sabes.
Beijos.
Rolando
Rolando obrigado.! Ao ler o teu texto tive vontade de ir buscar um desenho a carvão feito por mim há anos de mais, da minha mão fechada, nada de mais, não fosse eu ter oferecido o mesmo, ao meu único amor, àquele que matei, e procurei no verso a frase que escrevi então (por instantes tive medo que tivesse desaparecido com ele). Foi a única vez que lhe ofereci a minha mão fechada, lá dentro ia o meu coração...
Comentar post