
Agosto.
Uma tarde como outra qualquer - o mesmo vento seco, sibilando por entre os cactos ressequidos, o mesmo pó do deserto já habituado às ruas, o calor tórrido queimando as sombras das poucas árvores ainda sobreviventes.
E a luz… aquele sol branco ofuscante, reflectindo os grãos de areia como espelhos polidos, rasgando os olhos já cansados do vento, sempre o vento.
Aquela hora da tarde, o silêncio era total.
Ajeitou o chapéu, protegendo os olhos.
Do outro lado da rua, o seu oponente imitou-lhe os movimentos, levando ostensivamente a mão à cintura; já levava o cinto rebaixado, o coldre aberto, as pernas entreabertas numa pose estudada, tantas e tantas vezes já utilizada em confrontos semelhantes.
Avaliavam-se mutuamente, receosos . Um movimento podia significar... tudo.
Tal como a mais leve distracção.
Na rua deserta, assim permaneceram de pé, imóveis como estátuas, os olhos semi-cerrados e as mãos a milimetros das coronhas das armas.
A ansiedade também mata.
Cansado de esperar por um deslize do adversário, tentou a sua sorte.
A mão direita voou para o coldre, adivinhando a posição da arma. Lançou-se para a direita, desviando-se da trajactória previsivel da arma do adversário, gritando:
- Bang, bang! Estás morto, estás morto...
O outro, ainda a tentar retirar a arma presa no coldre, protestava.
- Não é justo. A minha arma está presa. Assim não vale...
- Vale, sim. Deves-me 1 dólar, foi o que apostámos.
- Não, não devo nada. Temos que repetir. Eu sou mais rápido do que tu...
O pequeno vencedor, não contente com o desenrolar dos acontecimentos, decidiu invocar por ajuda.
- Mãe... Mãe! O Manel está a fazer batota outra vez. Eu matei-o e ele não quer morrer...
- Não estou nada...
Um rosto assomou a uma das janelas entreabertas da rua.
- Meninos... o que estão vocês a fazer aí fora, a esta hora? Querem ficar doentes? Não vêem o calor que está? Imediatamente para dentro de casa... Já.
Os dois irmãos trocaram um olhar de provocação, e o vencido ainda teve tempo de resmungar:
- Amanhã... à mesma hora. Quero a minha desforra...
Não gosto de armas.
Mas gostei de te ler. Beijos.
Olá Paula... perdoa as armas. Sabes que os rapazes sempre gostam de se imaginar os "cowboys" salvadores do mundo, não é?
Nunca te fizeram Bang, Bang?
Beijos.
Rolando
Ai Rolando
Consegues sempre arrancar-me um sorriso no final dos teus contos...eu a pensar que estava a ler uma história do farwest... já a pensar qual deles ia morrer e sou surpreendida com uma brincadeira de miúdos.
Pregas-me cada partida....
Beijos
Manu
Oi, Manu...
Bang, Bang... enganei-te.
( Agora é aquela parte do filme em que tu tens que fingir surpresa e gritar num tom fininho: Oh, não... outra vez, não! )
Beijos.
Rolando
Gritar fininho!?
Ok..já estou a gritar...ouviste aí?
De Maria, Simplesmente a 27 de Agosto de 2009 às 23:47
Mais um comentário fiz hoje no seu post anterior e o link do A Luz A Sombra não ficou activado.
Assim, não irei comentar este post, mas devo dizer-lhe que enviei, de todos os meus blogues comentários para vários blougues e que todos estavam correctos, Isto admira-me, em parte, porque apesar de sabermos, e já termos escrito bastante sobre a net , que só aconteça com este seu Blogue, e em relação aos meus links.
Amanhã se me der licença virei com tempo ler este seu post, pois estou a gostar de ler o que escreve, aliás como dempre disse gosto dos seus temas.
Bj
Maria
Oh, Maria, não te preocupes... podes sempre acrescentar no próprio texto do comentário o " http://blablabla..." para que todos te possam visitar também.
Tenho muito prazer em te ter aqui e em te responder, com ou sem link.
Bang, Bang.
Beijos.
Rolando
De Maria a 28 de Agosto de 2009 às 01:49
Obrigada Rolando, mas não é necessário, todos os que me quiserem visitar encontram-me sem ser necessário o link que funciona bem com todos os blogues menos com o teu, desde o primeiro dia em que foste ao meu Blogue apresentar o teu novo Blog,
e eu te respondi.
Rolando todos me conhecem, assim como tu me descobriste, sem eu saber da tua existência, outros me descobrem.
O que é preciso é sermos pessoas civilizadas.
Bom fim de semana
Vou passando por cá para te ler.
Maria
Acredito que o sol deste Verão anda a pregar partidas ao Rolando.
- Transportou o deserto para as ruas.
- Fez duelos com balas de "bang-bang".
- Deixou os miúdos reclamar " Eu matei-o e ele não quer morrer..."
Onde ficará esta rua em que as árvores ao contrário dos "putos" se recusam a viver?
Pois: Deve ser influência de Marte sobre a Lua. Será?
Bom início de Sexta-feira.
Beijinho
Oi, Flordeliz...
Tens razão... apanhamos muito sol e depois ficamos assim. Mas quando eu era miudo, na quinta dos meus pais... o que eu e o meu irmão não brincámos aos cowboys...
Não havia computadores, nem MP3, nem consolas... só jogos com os amigos.
Quem vai fazer hoje de Indio?
Nah... queriam todos ser cowboys...
Beijos.
Rolando
De
lis a 27 de Agosto de 2009 às 23:59
Filme de faroeste é bom demais , já maginava outra morte no final.... e pensei como ele tá sinistro rsrs .
Fiel discrição do "mocinho" a sacar a arma! que na verdade era de brinquedo! fiquei um pouquinho decpcionada !saudade
desses filmes de bang bang pra valer!
.Fica devendo essa emoção!
Abraços
.
Adorei este post, e, adorei andatr pelo teu blog. Obrigada pelos momentos.
Ainda me lembro de dizer:
- Morreste!!! ...Vá, caí para o lado!
Hoje já não existem muitas histórias reais como a tua. São raras as crianças que deixam de matar de vida os seus amigos de infância, para passarem a atacar monstros verdes com armas que intimidam as dos cowboys, ou ainda a atropelar pessoas com um taxi, todo o santo dia agarrados a uma televisão ou computador.
De
Sara a 28 de Agosto de 2009 às 16:52
Gostei
lembrei-me dos tempo em que brincávamos na rua, em casa, enfim... do tempo em que éramos crianças
Por vezes gostava ainda de ser uma, sem grandes preocupações e a vida pela frente...
Por falar em sol quente, aqui hoje tb temos 30°C !!! E já é 6a feira... Bom fim-de-semana para ti Rolando (tenho sentido a falta das tuas visitas comentadas
.
Beijinhos
Olá Sara, que bom ver-te por aqui...
Agora que já estás de volta a casa, prometo já ser mais demorado nos comentários...
Beijos.
Rolando
De
Laura a 28 de Agosto de 2009 às 17:24
Olá, só hj tive tempo p vir aqui.
Obrigada pelocomentário poético lá- eu ando vendo tudo numa perspectiva torpe, ou torta :)
um abraço e mto prazer, Laura
Oi, Laura...
E como é? Não temos todos direito a acordar " cinzentos" de vez em quando ?
Hoje... já estás mais azul...
Fica bem...
Rolando
De
mfc a 28 de Agosto de 2009 às 21:23
Sabes?! Fizeste-me sorrir.
Ei... o que seria desta vida sem um sorriso, já imaginaste ?
Bang, bang. Faz favor de cair para o lado. Vem aí o fim de semana...
Um abraço.
Rolando
Comentar post