
- Atenção… inicio da contagem decrescente…
Aproximava-se o grande momento. Durante os últimos cinco anos, treinara afincadamente todos os pormenores, estudara todas as variáveis, todas as sequências, todas as hipóteses de falha, todas as simulações possíveis. Treinara o corpo e o espírito, dominara a ansiedade, a falta de sono, o cansaço, a fome e a sede. Dominara a angústia, a claustrofobia, a solidão da família, o vazio dos espaços fechados.
Ultrapassara todas as provas.
- 10… 9… 8…
O que sentia naquele preciso momento? Impossível de descrever. Dentro de breves instantes, o Homem libertar-se-ia do seu berço, rasgaria os céus e tentaria alcançar a lua, a mesma lua que todas as noites lhe povoava o espírito de sonhos e desejos antigos… desde criança.
Por isso se tornara astronauta. Para um dia poder tocar a lua, libertar-se do seu próprio peso e flutuar no vazio, poder ver ao longe o planeta azul, poder contemplar o nascer do sol de um modo que ninguém até então poderia imaginar.
Era esse o objectivo da sua vida. Sempre fora.
- 7… 6… 5…
Ao longo do rio, uma multidão ansiosa aguardava o momento, aquele momento mágico em que um clarão enorme ofuscaria tudo e todos, para que logo depois se pudesse observar a ascensão do enorme foguete, rumo ao azul escuro das estrelas.
- 4… 3… 2… 1… Ignição…
O ruído foi tremendo. Uma trepidação que se propagava pelas paredes, pelo chão, uma onda de choque acompanhada de uma claridade irreal, de um branco cego.
Vagarosamente, a nave equilibrou-se sobre si própria, rugindo e vomitando o fogo dos infernos. Depois partiu, ganhando velocidade e altura, um ponto luminoso cada vez mais distante no céu, uma coluna de fumo branco a assinalar a fuga dos primeiros homens para o espaço.
Baixou a cabeça.
A imagem do televisor continuou imperturbável, mas ele já nem a via.
Durante os últimos cinco anos, fora astronauta, treinara aquele momento como o mais importante de toda a sua vida. Sabia todas as sequências do arranque, sabia exactamente o que os colegas estariam a fazer, dentro da Apollo 11, naquele mesmo instante.
Secretamente, desejou … o inconfessável; que algo sucedesse à equipa principal, que algum dos colegas adoecesse, que não conseguisse ultrapassar alguma prova… qualquer coisa que permitisse que ele e os restantes elementos da equipa substituta… pudessem assumir o papel principal… e rumar à Lua.
Não o conseguiu.
Continuou a ser o comandante da equipa substituta, a entrar no simulador e a realizar todos os testes, todas as provas… mas nunca… nunca chegaria a tocar a lua.
- Boa sorte, rapazes… - ainda conseguiu murmurar – tragam-me uma pedrinha da lua…
De Armando Correia a 30 de Julho de 2009 às 12:21
Tantos anos após este lançamento o universo continua a ser ainda um imenso mistério por descobrir.
Veremos o que nos reserva o futuro.
Saudações.
Olá Lovenox.
É verdade, tanto tempo depois, e ainda continuamos à procura de "vizinhos", não é?
Um abraço.
Volta sempre.
Lembro-me como se fosse hoje. Que emoção!
Fiquei também coladinha á Tv e a torcer para que o Neil Armstrong conseguisse dar o tão desejado pequeno passo na Lua. Estava orgulhosa já que ele faz anos no mesmo dia que eu, hoje isso não tem importância, mas naquela altura , ainda criança, tinha um significado especial.
Obrigada Rolando por recordares através deste bonito texto um acontecimento tão marcante na história da humanidade.
Beijos
Manu
Olá Manu, só hoje pude vir aqui responder...
Sabes... sempre me afligiu pensar na tal terceira pessoa, o astronauta que ficou em orbita ... sem nunca pousar... tão perto mas tão longe,,,
Beijos.
Rolando
De
aflores a 30 de Julho de 2009 às 14:51
Tinha eu os meus modestos 12 anitos, quando dois "malucos" (aos olhos da avó da minha mulher) pousaram lá pela Serra de Arouca! Sim, porque a ela nunca ninguém convenceu que pousaram na Lua.
Era o que faltava. Dizia ela convicta.
E será que pousaram?
Digo eu...
Brincadeiras à parte, Grande Abraço!
Essa agora, Aflores...
Então não haviam de ter pousado?
Até fotografaram marcianos e tudo...
:)
A avó da tua mulher era das tais, hem... céptica.
Um abraço.
A Lua foi apenas o início desta grande odisseia do seu humano na conquista do espaço,
um beijinho
Oi, Carla
Bom ver-te de volta... qualquer dia estamos a "passar férias " na lua, também...
Beijos.
Rolando
Essa coisa do homem ter ido a Lua... não passa de Mito.... uma mera Lenda tão real, quanto a do saci, cuca, mula sem cabeça, etc e tal!
Oh, Náhira... estás a brincar ou a falar a sério?
Verdade que não acreditas?
Sonho realizado...e um incompleto..
Se preparou para um lindo sonho e foi despertado antes do lançamento... Uma vida inteira voltada para um único objetivo .. Não sei se aguentaria uma desilusão tão grande...
E devem ser muitos....os que são preteridos, não é? Pois, com certeza, preparam-se 20 ou 30 e só 2 ou 3 fazem esta linda viagem..
Nossa!! Você me fez pensar em mil coisas, outras expectativas..outras esperas... sniff . sniff ..
Beijos ...doces beijossss
Rê.
Oi, Regina...
É... a ideia é pensar de vez em quando em todos os preteridos, em todos os "segundos", em todos os "substitutos"...
Como terá sido? O que terão eles sentido?
Tanta expectativa...
Muitos beijos.
Um óptimo fim de semana para você...
Rolando
De
Sara a 30 de Julho de 2009 às 18:21
Estava á espera de um "final-feliz"... mas isso deve ser do meu actual "estado-de-espírito"... quando era pequenina sonhava-se que um dia o Homem iria viver na Lua.... será que isso irá um dia acontecer?
Beijos
Olá Sara...
Pois ... nem sempre tem final feliz, não é verdade?
Não foi completamente infeliz... mas foram expectativas, sonhos que ficaram por realizar... deve ter doído..
Beijos.
Rolando
De
GiGi a 30 de Julho de 2009 às 20:50
Poxa vida, aqui só eu que não havia nascido ainda... LOL
Acredito em muitos dias, muitas épocas e em muitas personalidades que mudaram o mundo. Todos dizem que é impossível uma só pessoa mudar o mundo, mas há aqueles que o fizeram. Ainda que com ajuda daqueles que neles confiavam, foram líderes, homens que lutaram por aquilo que acreditavam, para o bem ou para o mal de uns e outros. Entretanto, a história seria outra se tais não tivessem existido.
:-)
Oi, GiGi
Por isso se diz " dos fracos não reza a história"...
Se não fossem meia dúzia de pessoas que teimosamente continuaram a acreditar que o impossivel era só uma palavra...
Beijos.
Bom fim de semana.
A lua pra mim continua inalcançável...mas me lembro do dia que a vi pisada pelos homens. Seu texto me levou ao passado. Muito interessante. bj
De Óscarito a 31 de Julho de 2009 às 18:31
Ao ler o teu post não deixo de pensar o "curioso" que é para mim, a lua.
Porque nunca a penso como um satélite mas mais como "uma coisa" que ali está e que interessa (ou nem por isso...) especialmente aos namorados ou a alguns poetas.
Porque para todos eles, uma "ida" à lua não carece de foguetões nem de técnicas espaciais.
Basta-lhes o pensamento!
Abraço/Óscar.
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