
- Luís… tem que estar com mais atenção… assim vai perder o jogo…
O pequeno Luís ergueu a mão, como se fosse protestar. Mas de que adiantava ? A mãe era uma jogadora terrível, impiedosa mesmo. Utilizava sempre aquelas tácticas com nomes estranhos – a abertura francesa, a defesa russa – e fosse lá como fosse, conseguia sempre vencê-lo, com a maior das facilidades, em poucas jogadas…
- Mas a mãe ganha sempre – protestou ele – eu ainda nunca lhe consegui ganhar…
- Não conseguiu… porque não está concentrado. Nota-se perfeitamente que está com o espírito algures… muito longe daqui…
- Mas eu não gosto de xadrez…
- Claro que gosta – e a mãe dedicou-lhe um sorriso meigo – só talvez ainda não tenha descoberto que gosta…
- Não gosto, não… a sério que não gosto… prefiro ir visitar o mestre Bernardo, para ouvir as histórias que ele trouxe do Oriente…
A mãe continuou a arrumar as peças do jogo.
- O mestre Bernardo influencia-o demasiado, meu menino… e já devia saber que não deve acreditar em tudo o que ele diz… o mestre Bernardo tem alma de poeta, e já sabe como são os poetas…
- Mas, minha mãe… já imaginou como será … aquele mundo estranho, que o mestre Bernardo já viu? Ele contou-lhe aquela aventura em Goa, quando o capitão…
- Não, não e não – a mãe decidira colocar um ponto final no assunto. – O Luís já vai sendo crescido, dentro em breve irá começar as lições de armas e eu não quero que desperdice o seu tempo a ouvir as divagações do velho Bernardo…
- Mas, minha mãe…
- Luís !
- Sim, mãe…
- Luís Vaz de Camões, não insista comigo. A poesia nunca fez ninguém rico ou famoso. Dê ouvidos à sua mãe, que muito o estima.
Fez uma leve pausa.
- E agora… é a sua vez. Vá, vamos jogar mais uma partida. Precisamos de melhorar essa sua concentração…
De
GiGi a 13 de Julho de 2009 às 21:34
Pois é...
Nestes tempos, tenho pensado exatamente nisto: nem sempre necessitamos de incentivo para conseguir ser o que sonhamos. E, nem sempre precisamos desistir quando algo há que nos desanime....
Ótima estória!
Beijos!
Obrigado, Gigi...
Quantas pequenos futuros génios não termos por aí, anónimos e a desistir, encolhidos a um canto ?
Só porque ninguém acreditou neles...
Beijos.
De
xana a 13 de Julho de 2009 às 23:48
Assim sendo, já percebi que dos meus devaneios calcados por pés esquerdos nunca sairá fama.! Não enquanto viver pelo menos. Parece que para se ter fama é preciso morrer primeiro, e isso eu espero que esteja muito looooonge. ;)
E achávamos nós que as mães tinham sempre razão...
o que vale é que há sempre espaço para sonhar.. bem haja pelo pequeno Luís e os seus sonhos.
Abraço
Jorge
De
Sara a 14 de Julho de 2009 às 03:19
È triste quando os Pais ou quem quer que seja teimam em decidir o futuro/ gostos das crianças !... E teimam, teimam, teimam para que eles gostem façam ou queiram fazer/ser aquilo que eles sempre desejaram e nunca conseguiram!
Se por vezes se ouvisse um pouco mais o que os petizes nos querem transmitir... haveria talvez mais pessoas satisfeitas e "realizadas" neste Mundo.
Beijo
De
Najla a 14 de Julho de 2009 às 14:22
Quantas crianças iguais ao Luís Vaz de Camões não existem por aí, em que deixam de sonhar o seu próprio sonho, para viver um sonho dos seus pais?!? Quantas crianças não deixarão de seguir as suas próprias vontades, para seguirem as vontades e ideiais dos progenitores?
Um beijo
De
Loira a 14 de Julho de 2009 às 17:34
e ainda bem que continuou a gostar de histórias e estórias... :)
Muito gostoso de ler suas histo´ria!
queria saber se vc pode me ajudar? to com probleminha no meu blog sempre aparece q a ultima postagem foi a 10 meses atrz, sabe como eu reparo isso!? se suber deixar um comntario me informando ta? brigada! bj*
De josielda a 10 de Fevereiro de 2013 às 00:23
Voce escreve muito bem estou adorando seus textos espero que voce continue assim
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