O novo endereço do ENTREMARES passou a ser:
http://www.entremares-entremares.blogspot.com/
Poderia o verde dos campos ser composto de tantos verdes, de tantas tonalidades?
Podia… podia sim; e quente, afagado pelas brisas mornas do sul.
Tal como o céu, liquido de uma mistura de cores impossível de descrever. Seria azul, branco, cinzento? Talvez um pouco de tudo, espuma de cascatas, reflexos do sol poente, flores silvestres.
Ao fundo, os recortes ondulantes dos morros, enfeitando a paisagem.
E até onde a vista alcançasse… o silêncio natural do vento a abanar as folhas das árvores.
O relógio da torre fez-se então ouvir. Solene, indiferente à data.
Uma, duas, três…
Meia-noite.
Uma simples mudança de dia, uma simples mudança de ano. Porquê então no peito aquele aperto… como se a própria vida lhe quisesse saltar para longe?
Todas as noites não eram iguais? Em todas elas o relógio não batia as mesmas doze badaladas? Então porquê? Porquê aquela ansiedade?
Quatro, cinco, seis…
Recordou, como num sonho longínquo, algumas datas da adolescência já distante, agarrando freneticamente a garrafa de champanhe, os olhos postos num qualquer relógio, à espera do mágico momento em que os sonhos se cumpriam. Quantos desejos subiam aos céus, nessas noites? Quantos apelos mudos, quantas vozes caladas, quantas velas se acendiam na promessa de um novo amanhecer, de um novo ano pleno de felicidade e arcos-iris coloridos?
Sete, oito, nove…
O que desejava ele para os instantes que se seguiriam? O futuro?
O mesmo que todos os restantes mortais - ser feliz, ser simplesmente feliz.
Que mais se pode desejar do futuro, senão uma dose generosa de felicidade?
Dez, onze… doze…
Os foguetes explodiram na noite, enchendo os céus de luzes e estrondos. Gritos, pessoas a correr pelas ruas, música, uma imensidão de buzinas, archotes, balões, serpentinas a voar.
Ano novo.
Sorriu e lançou mais algumas achas para a fogueira.
A noite estava fria - como todas as noites de ano-novo, já era habitual.
À volta da enorme fogueira, bem no centro da praça principal, uma roda de rostos silenciosos fitava as chamas, indiferentes ao ribombar dos festejos.
- Que fotografia é essa? - quis saber o homem que estava ao lado, observando com curiosidade a imagem das montanhas verdes que ele segurava nas mãos.
- Esta?... é muito longe daqui… você não conhece…
O outro fez que sim, claro que não deveria conhecer. Subiu o casaco até às orelhas, para se proteger do vento.
- Pelo menos, lá deve estar calor… - resmungou - bem melhor do que isto…
Ele não lhe respondeu.
Limitou-se a olhar de novo para a fotografia.
- Para o ano… - prometeu a si próprio - … para o ano…. Estarei aí…
O novo endereço do ENTREMARES é: http://www.entremares-entremares.blogspot.com/
http://www.entremares-entremares.blogspot.com/
E quem não precisa de mudar?
O Entremares, tal como o conheciam até aqui, morre aqui, neste post. Não morre o autor, não morrem as histórias, não mudam os laços que se criaram entre tantas e tantas pessoas, virtuais e reais, que se cruzaram por aqui.
Mas muda o espírito do blog. Ao longo de todos estes meses, aprendi neste fantástico universo que existe uma fronteira muito ténue entre o que se diz e o que se sub-entende, o que se palpita, o que supõe. As palavras, estas maravilhosas tenazes com que devoramos o mundo... também são conchas reais, duras como granito. As palavras fazem sonhar... mas também matam.
O ENTREMARES não sou só eu, são vocês todos, aí desse lado.
O café continua sempre fresquinho em cima da mesa, os bolinhos arrumados a um canto, para nos aquecermos nas noites frias.
Então... para quê mudar?
Por um único, minúsculo e... tremendo motivo.
Para que a vida real possa continuar.
Rumo a um céu azul.
Conseguem imaginar melhor motivo?
Um abraço a todos.
E agora... despachem-se.
Estamos a começar a servir as entradas. O novo endereço do entremares é:
http://bloggincana.blogspot.com/
http://bloggincana.blogspot.com/
http://bloggincana.blogspot.com/
Hoje, o post será necessariamente… diferente.
E complicado, muito complicado mesmo - porque isto de sugerir nomes, blogs, afectos… é muito limitador. Mas a tarefa deste mês da Gincana assim o pedia e creio que é uma tarefa bem interessante, a de sugerir blogs e pessoas, aumentando o circulo dos que conhecemos.
Portanto, e sem nenhuma ordem em especial, aqui vão três sugestões que recomendo vivamente:
1ª Jorge Soares, pelo conjunto dos seus 4 blogs, a saber:
O que é o jantar ( http://oqueeojantar.blogs.sapo.pt/ )- Análise social, na primeira pessoa, sempre aberta a criticas e ao debate de ideias e opiniões.
Momentos e Olhares ( http://momentoseolhares.blogs.sapo.pt/ )- O blog onde se compila, através de fotografias, a sua visão do mundo.
Nós Adoptamos ( http://nosadoptamos.blogs.sapo.pt/ ) - A bandeira, a causa da adopção. A coragem de assumir que é bom ter uma casa e uma família com as cores do arco-iris.
Clube de Leitura ( http://oprazerdeler.blogs.sapo.pt/ )- Um espaço partilhado, de divulgação e de incentivo à leitura
2º - Manuela Pereira, pelo conjunto dos seus 4 blogs, e que são:
Cantinho da Manu ( http://divclube.blogs.sapo.pt/ )- O espaço pessoal de quem acredita que tem uma missão a cumprir sobre a Terra.
Existe um Olhar ( http://existeumolhar.blogs.sapo.pt/ )- As memórias que a vista captou e a fotografia gravou.
Intervalo para Café ( http://intervaloparacafe.blogs.sapo.pt/ )- Tertúlias em torno de uma chávena fumegante, espaço de partilha e reflexão.
Clube de Leitura ( http://oprazerdeler.blogs.sapo.pt/ )- Um espaço partilhado, de divulgação e de incentivo à leitura
3º - Libel, pela irreverência e criatividade que consegue imprimir aos dias cinzentos do Outono.
O meu Cantinho ( http://libel.blogs.sapo.pt/ )- O espaço pessoal onde se desafia quem ali aparece a deixar sempre algo mais que uma simples pégada.
Intervalo para Café ( http://intervaloparacafe.blogs.sapo.pt/ )- Tertúlias em torno de uma chávena fumegante, espaço de partilha e reflexão.
E pronto, está cumprida a tarefa. Só falta que quem ainda não conhece estes blogs... passe a conhecer.
Um abraço a todos e... até amanhã, à volta da fogueira.
http://bloggincana.blogspot.com/
- Mestre…
- Sim, João?
- O que devo fazer para ser feliz?
- Para ser feliz… e sentes-te infeliz neste momento, é isso?
- Sinto… sinto-me infeliz.
- E lembras-te…. Lembras-te do dia, da hora… em que começaste a sentir-te assim?
- Lembro…
- Então… porque não voltas atrás, até esse dia… até essa hora, João?
- Mestre…
- Sim, João?
- Porque são as escolhas sempre tão difíceis?
- As escolhas, João… sim… nem todas, mas muitas são difíceis…
- Fiz uma escolha difícil, mestre.
- Compreendo, João…. E foi isso que te deixou infeliz?
- Suponho que sim… antes da escolha… eu era feliz…
- Tens a certeza, João? Tens mesmo a certeza que antes da decisão… eras feliz?
- Ao menos, não me preocupava com nada, mestre… não pensava tanto como agora…
- Sim… a ignorância abre as portas de um certo tipo de felicidade, é verdade… mas não é também verdade, João, que o crescer, dói? Nunca te doeu crescer? Até fisicamente?
- Doeu sim, mestre…. Lembro-me bem…
- Algum dia preferiste não crescer…. E assim parar o sofrimento?
- Mestre…
- Sim, João?
- Quando eu for mais velho… assim da sua idade…. Vou deixar de ter todas estas dúvidas, todo este sentir-me infeliz por querer ter tudo…. E não poder?
- Claro que vais João, claro que vais…
- O mestre também tem dúvidas?
- João…
- Sim, mestre?
- Sabes… sou bastante mais velho do que tu… e tudo o que me perguntaste até agora poderia ser-te devolvido na forma de uma única pergunta…
- E como seria essa pergunta, Mestre?
- João… se não tivesses tomado essa decisão que tanto te aflige agora… conseguirias viver com o fardo de não a ter tomado? Porque a vida resume-se a muito pouco… a um mero jogo de acções e consequências… e só as acções geram consequências. Por isso te pergunto: Conseguirias viver com o fardo de não te teres aventurado na decisão que tomaste?
- Não mestre…. Não conseguiria…
- Assim pensei, João… e se pensares tu também…. Creio que é nessa resposta que terás que encontrar motivos para te sentires feliz…
Hoje, a minha filha Iris completa nove primaveras.
Para todos vocês aí, desse lado, para todos os vossos filhotes, para todas as crianças, um abraço enorme, do tamanho do mundo.
Ser, simplesmente.
Feliz.
Bianca ... obrigado pela esperança.
Com as mãos trémulas, abriu o pequeno embrulho, já sabendo antecipadamente o que iria encontrar. Não era a primeira vez, nem a segunda, nem a terceira… que lhe chegava às mãos um pacote como aquele, afunilado, envolto em papel acastanhado, pejado de selos de um país bem distante.
Sem querer, os olhos desviaram-se até ao fundo da sala onde, sobre uma velha mesa de tampo de madeira, um jarro avermelhado ostentava meia dúzia de tulipas amarelas, algumas delas já a murchar pelo efeito do tempo.
Quantas tulipas amarelas já recebera?
Quanto tempo já passara, desde a separação, a despedida, o choro e as lágrimas?
Como se houvera sido no dia anterior.
Ela terminara com tudo.
E no entanto, como evitar aquele sobressalto no coração, sempre que os dedos acariciavam as pétalas macias, como evitar aquele nó da garganta ao sentir o aroma da primavera exalado pelas flores? Como evitar tudo?
Como calar todos os pensamentos?
Naquele dia, o embrulho surpreendeu-a.
Vinha vazio, sem qualquer flor no seu interior.
Sem querer, franziu a testa de desapontamento. Um gesto ínfimo, involuntário, de desencanto, de incompreensão. O pacote vinha vazio - custava-lhe a aceitar o facto.
Não, não vinha completamente vazio. Um pequeno papel, cuidadosamente enrolado, espreitava sob o celofane que habitualmente embrulhava todas as flores que recebera.
Pegou nele e levou-o para junto da janela. Nunca nenhuma das flores se fizera acompanhar por qualquer tipo de recado, de cartão. Nada.
Leu-o. Um, duas, três vezes. E novamente.
" Estou à tua porta, segurando na mão uma tulipa amarela. Queres vir recebê-la nas tuas mãos? "
Espreitou pela janela e viu-o, do outro lado da rua, segurando uma tulipa amarela, envolta por um plástico transparente.
Por um simples e infinito segundo, o tempo recuou e ela esqueceu-se de tudo, até de quem era. E muito simplesmente…. Chorou.
E de repente, você acorda e vê que tudo mudou...
E então...o que fazer ?
Quando algo nos pega de surpresa ... Algo que tira todas tuas certezas, aquelas todas que você confiava já saber por “certezas inabaladas “e joga-as ao chão... algo que nunca imaginamos querer ou fazer e que de repente passa a ser o seu mais profundo desejo... Passa ser o que você mais cobiçou desde criança, só que ainda não sabia...
O que fazer quando medo é coragem, quando seu estomago é habitado por borboletas e você já não sabe se é alegria, receio, ansiedade... ou tudo isso junto... Se tudo que você sempre deu valor não faz mais nenhum sentido, e o que antes era loucura passou a se chamar esperança e vontade. Quando você passa a escutar os recados da lua...
O que fazer quando você olha seu mundo, mas não mais o reconhece como seu? Quando tudo que um dia você conheceu como aventura passa a ser o mais real e verdadeiro porto seguro? Quando todos os livros, que leu, passam a fazer sentido? Quando todas as poesias flutuam por sua mente te dando equilíbrio no ar, sem ao menos uma corda bamba.
O que fazer quando o espelho não mais reconhece seu sorriso? Quando o brilho do seu olhar transcende a máscara de outrora? Quando esta máscara já marcou sua face, mas insiste em querer cair? Seu rosto quer respirar, quer mostrar a felicidade nele estampada...
O que fazer quando não existem mais palavras para descrever tudo que sonhas e pensas? Sua mão suspensa entre a caneta e o papel e a mente insistindo em voar? E você se perde entre o certo e o errado...entre o bem e o mal...entre o visível e o invisível...
O que fazer quando você não é mais você...ou será que agora é você?
O que fazer?
Nota: Por vezes, as palavras de outros levam-nos a redescobrir as nossas próprias palavras. Este texto não é meu, sabem?
Escreveu-o a Regina d'Avila.
Mas na verdade... está tudo lá, tudo.
E eu não o saberia dizer melhor que ela...
Amigos... preciso mesmo de colocar os pensamentos em ordem. Hoje de manhã, quando olhei para o espelho, não me reconheci.
Assustei-me com o que vi.
Fiquem bem.
Um grande abraço para todos
. Sinais
. O rei morreu... Viva o re...
. Fé