Quarta-feira, 9 de Dezembro de 2009

A dúvida humana

 

- Sim... diz-me, o que pretendes de mim?
- Deus... eu tenho uma dúvida... uma dúvida que me está a atormentar... a destruir...
- Sim? E qual é a tua dúvida, que tanto te preocupa?
- Deus... tu não sabes?
- Eu? Porque haveria eu de conhecer as tuas dúvidas?
- Porque tu és Deus... e Deus sabe tudo...
- Não... explicaram-te mal, certamente. Eu não sei tudo. Criei tudo... mas não quer dizer que saiba tudo...
- Deus... eu tenho uma dúvida... sobre o amor...
- Oh, não, outra vez? Mas vocês só me vêm perguntar coisas sobre isso, sobre o amor? Não podem perguntar nada mais interessante, como quem vos criou, ou o que existe depois da morte, ou até qual o vosso destino? Tem que ser sempre sobre o amor?
- Deus... é que estou sofrendo com esta dúvida...
- Sim, sim, sim... já sei... aliás, ela já aqui veio exactamente com a mesma pergunta...
- Ela? Quem é ela?
- Não, nada, nada, esquece... estava pensando noutra coisa... mas diz lá... qual é a tua dúvida, pode saber-se?
- Deus... eu tenho... eu tenho certezas sobre quase tudo... tenho argumentos para quase tudo, tenho razão em quase tudo... mas não sou feliz.
- Sério? Por um momento, pensei que me estavas a querer tirar o lugar, com essas certezas todas, com essas verdades todas... e mesmo assim, com toda essa tua bagagem de sabedoria, dizes-me que... não és feliz?
- Sim, Deus... não estou feliz... porque tudo isso me está a afastar da pessoa que é a minha verdadeira felicidade...
- Interessante, sem dúvida... mas ainda não me disseste verdadeiramente qual é a tua dúvida...
- A minha dúvida? A minha dúvida é... o que devo eu fazer, Deus? Perder todas estas certezas, questionar tudo o que sei, tudo o que aprendi... ou ouvir simplesmente o coração?
- E isso, dizes tu... é uma dúvida?
- Sim, Deus... não sei como proceder para recuperar a felicidade que sinto a fugir, como o ar que respiro...
- A resposta é fácil... e não me importo nada de a dar... apesar de estranhar que tu mesmo, com essa bagagem imensa de sabedoria... não a tenhas descoberto sozinho.
- ...
- A resposta começa com uma pergunta. Vieste aqui pedir a minha ajuda, não foi?
- Sim, Deus... vim.
- E porque vieste?
- Porque vim? Porque... porque o meu coração me disse que era a ti que devia pedir ajuda...
- Ah...
- Como assim, ah? Deus... eu estou mesmo desesperado, preciso da tua ajuda...
- Sim... e a resposta que procuras é essa. Segue o teu coração. Ele sabe a resposta.
- ...
 
( Segundos depois )
 
- Ah, a propósito... antes que vás embora...
- Sim, Deus?
- Ela veio perguntar-me a mesma coisa, só para saberes... e também só para saberes... dei-lhe a mesma resposta que te estou a dar a ti...
 
 

 

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publicado por entremares às 12:35
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